Todos os anos, no mês de setembro, começamos a ver diversas pessoas postando na Internet imagens e frases sobre depressão, pessoas conhecidas distribuindo abraços e mensagens de carinho, pessoas usando lacinhos amarelos e demonstrando que se importam com a vida do outro. Essas práticas indicam o quanto nossa sociedade está alerta para a questão do suicídio. A campanha do setembro amarelo é muito positiva neste sentido: todos os esforços e a atenção de todos estão voltados para esse assunto, que ainda é tabu para inúmeras pessoas.
Falar sobre suicídio não é fácil, e a maioria das pessoas não fala sobre isso.
A mídia convencional, inclusive, evita noticiar sobre o assunto, com base na crença de que expor casos de suicídio tende a aumentar o número deles (ASSOCIAÇÃO…, 2020). E em geral as pessoas evitam falar a respeito por medo do assunto em si.
Essas preocupações são válidas, afinal, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou, em 2017, que “a cada adulto que se suicida, pelo menos outros 20 apresentam algum comportamento que atente contra a própria vida” (BRASIL, 2017, p. 01) ou algum tipo de pensamento dessa ordem (também chamado de ideação suicida).
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No geral, todos nós temos certo receio de falar abertamente sobre esse tema, por diversas razões, tanto culturais, morais, religiosas, como também por razões íntimas, que dizem respeito a como cada um lida com o tabu da morte.
Porém, evitar falar sobre o assunto nem sempre é a melhor decisão.
Um problema dessa importância não pode ser ignorado. Ainda, de acordo com a OMS, 90% dos suicídios podem ser prevenidos (AFONSO, 2019); mas, para serem prevenidos, precisamos conhecer mais sobre o assunto para então identificar suas potenciais causas e entender como evitá-las.
Lutar contra esse tabu é de suma importância para que a prevenção do suicídio seja bem-sucedida, para isso é necessário que saibamos as melhores formas de combater e prevenir a depressão, já que ela é umas das principais causas do suicídio. E é nas formas de combate e prevenção que entram poderosos aliados: os exercícios físicos e uma variedade de práticas de bem-estar.
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O PAPEL DOS EXERCÍCIOS FÍSICOS NA SAÚDE PSÍQUICA
Dentre as ações preventivas do suicídio, a promoção de exercícios físicos é muito benéfica, pois, além de estimular o sistema imunológico, evitar o surgimento de doenças cardíacas, moderar o colesterol e impedir a obesidade, melhora a saúde mental, inibindo alguns fatores que levam ao desencadeamento da depressão. Os exercícios atuam em aspectos diretamente físicos, mas também psicológicos e socioemocionais, uma vez que fomentam interações sociais e potencializam a saúde psíquica.
Não são apenas os medicamentos a única solução para reverter um quadro suicida, os exercícios físicos também são salutares para isso, “Há diversos estudos que constataram que a prática regular (diária) de exercícios físicos durante 20-30 minutos traz vários benefícios. Entre estes, está o de poder afastar a depressão em longo prazo, pois diminuem o nível de estresse e ansiedade” (FIQUERÔA, 2020).
Durante a prática de exercícios, o nosso organismo produz e libera substâncias capazes de proporcionar uma sensação de paz e relaxamento, que são: a endorfina, que promove sensação de bem-estar, euforia e alívio das dores; a dopamina, que tem efeito analgésico e tranquilizante; e a noradrenalina que ajuda a regular funções cerebrais importantes como humor, concentração, atenção e memória (LOURENÇO, 2019).
No entanto, conforme pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), “na população de 18 anos ou mais de idade, 40,3% foram classificados como insuficientemente ativos, ou seja, não praticaram atividade física ou praticaram por menos do que 150 minutos por semana considerando lazer, trabalho e deslocamento para o trabalho” (CAMPOS, 2020).
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Não existe um exercício ou esporte específico que seja o mais indicado, mas saiba que todos possuem a sua eficácia e proporcionam inúmeros benefícios. O importante é escolher exercícios ou esportes que sejam agradáveis e que haja prazer ao praticá-los. São várias as opções, que vão desde caminhada ao ar livre ou pedalada até musculação e crossfit, esportes individuais ou coletivos. Dentre tantas alternativas, experimente algumas até encontrar uma prática que lhe seja apaixonante. Porém, para todas essas práticas, o acompanhamento de um profissional é extremamente importante, pois ele vai te ajudar a se conduzir no ritmo certo, a executar os movimentos com segurança e a estabelecer, junto com você, objetivos de médio e longo prazo.
De todas as formas, o melhor é não estar sozinho.
Exercitar com familiares e amigos também é uma excelente opção, pois a companhia te faz sentir a responsabilidade de ser regular e assíduo. Então, encaixe os exercícios na sua rotina, dedique tempo para cuidar da sua saúde (mental e física), mantenha-se firme e jamais desista, pois você é muito importante.
PRÁTICAS DE BEM-ESTAR
É importante ter uma vida confortável dentro do possível e cultivar equilíbrio entre as diferentes áreas da vida:
A OMS considera a saúde como um “estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades.” Para estarmos bem, precisamos cuidar de todas as esferas de nossa vida e realizar práticas de bem-estar. Desde o corpo até as emoções. Em todos os ambientes em que estamos inseridos e somos afetados (família, trabalho, amizades, bairro, comunidades) (SESI, 2020).
É claro que obter equilíbrio pode ser um caminho longo, mas manter tempo para si mesmo e para fazer o que gosta, desenvolver o hábito de leitura, aprender a tocar um instrumento, passar tempo com os amigos, passear, caminhar, dançar, viajar, se possível, são hábitos que vão ajudar nessa busca.
Essas e outras práticas de bem-estar podem acontecer em conjunto, com amigos, com profissionais ou mesmo sozinho.
Com o passar dos anos, temos sentido em comum que os dias estão cada vez mais “corridos” e agitados; por conta disso, muitas vezes deixamos momentos e detalhes importantes passarem despercebidos por nós mesmos. Nesse modo de vida “corrida”, conhecemos e até convivemos com quem está em um quadro depressivo que as leva ao suicídio. Portanto, é necessário estar atento ao que acontece com as pessoas ao nosso redor, com quem nos importamos, para ajudá-las como pudermos.
Uma forma de ajudar é divulgar que o Brasil possui o Centro de Valorização da Vida (CVV), associação civil filantrópica, sem relação governamental, religiosa ou política, que conta com voluntários dispostos a conversar e a ajudar, 24 horas por dia, a quem estiver precisando ser ouvido, com a finalidade, inclusive, de evitar suicídios. Não é preciso se identificar, nem passar nenhuma informação ou contato seu, o atendimento é totalmente sigiloso e presta apoio pelo telefone de número 188, também por chat, e-mail e até mesmo pessoalmente. O CVV é tão importante, que em 1973 foi reconhecido como Utilidade Pública Federal.
Diante da problemática do suicídio, percebe-se que não é apenas em setembro que devemos nos preocupar com a continuidade da vida do outro e com a continuidade da nossa. Durante todos os meses devemos postar imagens, frases e buscar saber mais sobre o que é a realidade do suicídio.
Durante todos os meses devemos distribuir mais abraços, mais mensagens de carinho e demonstrar para as pessoas que as amamos e o quanto elas são importantes.
Já sabemos o que devemos fazer.
Já sabemos que devemos cuidar de nossa saúde mental e física.
Tudo isso já sabemos.
Com este texto, agora também sabemos que devemos nos exercitar regularmente, que devemos cultivar bons relacionamentos, hábitos saudáveis e práticas que nos tragam prazer. Essa, sim, é uma campanha de valorização da vida que não deve parar em nenhum momento do ano.
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