A Literatura é o sonho acordado da civilização

O dia primeiro de maio é uma data muito especial. Além de lembrarmos e comemorarmos o dia dos trabalhadores, é momento também de reverenciar essa dimensão humana, que nos conecta com a nossa ancestralidade: a Literatura.

A Literatura é filha legítima das conversas ao redor da fogueira, que nossos antepassados realizavam nos primórdios da humanidade. A Literatura já estava presente nos desenhos das artes rupestres, na contação de histórias dos povos originários das Américas, nas canções de ninar enunciadas pelas mulheres negras escravizadas durante o Brasil colônia, assim como está nos versos e na prosa dos escritores contemporâneos.

Antônio Cândido definiu Literatura como toda criação de toque poético, ficcional ou dramático em todos os níveis de uma sociedade, em todos os tipos de cultura, desde o que chamamos folclore, lenda, chiste, até as formas mais complexas e difíceis da produção escrita de civilizações hegemônicas.

A Literatura possibilita que o ser humano conheça a si próprio e a realidade que o rodeia. Ela permite o conhecimento do mundo e do ser. Carregando os valores que uma determinada sociedade advoga, ou mesmo considera maléfica; a Literatura afirma e contrapõe, enuncia e denuncia, consubstancia e combate, oferecendo caminhos, percursos, possibilidades de vivenciarmos os inúmeros problemas que a sociedade vive.

A Literatura distópica, confronta o sujeito com o absurdo, com o irreal que se materializa diante da capacidade imagética do ser humano. A Literatura realística expõe os vícios de sociedade, como uma espécie de lupa, o texto expõe as contradições da vida social.

Seja qual for a linha, a Literatura tem o poder de aprisionar o leitor e levá-lo para lugares e situações inimagináveis (e outras bem imagináveis). Como em “Os Bruzundangas” de Lima Barreto, ou “Dom Casmurro” de Machado de Assis. A Literatura nos prende mesmo no óbvio, como é o caso de “Crônicas de uma morte anunciada”, quando Gabriel Garcia Marquez, o Gabo já anuncia a morte de Santiago Nasar, na primeira linha do livro, ou melhor no título da obra, e nem por isso você consegue abandonar a leitura. Ou o que dizer do “O Estrangeiro”, de Albert Camus, onde o leitor cria uma relação de amor e ódio com o anti-herói niilista Meursault.

É preciso popularizar ainda mais a Literatura, e para essa tarefa é fundamental a ação dos professores, pois a melhor forma de fazer com que os estudantes se interessem pela leitura é dando o exemplo, ou seja, lendo. Leia para as crianças, para os jovens, adultos e para os velhos, e você já leu hoje? Viva o dia da Literatura.

Edergênio Negreiros Vieira é Mestre em Linguagem, Educação e Tecnologias.

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