Você pode não lembrar, mas foi em 2007 que conceitos como aquecimento global e mudança climática ganharam mais destaque na imprensa com a divulgação de um robusto relatório feito por cientistas de várias partes do planeta. Imagens de ursos polares em pequenos blocos de gelo ocuparam capas de revistas como símbolo do derretimento de geleiras, um alerta para o aumento do nível do Oceano; diversos textos citavam as consequências de uma temperatura global maior em decorrência da emissão exacerbada de gases como o CO2 (dióxido de carbono).
Era a primeira vez que os dados levantados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, o IPCC, se propagavam de forma palatável, saindo do ambiente acadêmico para pautar debates que envolviam políticos e a sociedade civil.
Quinze anos depois, há uma maior mobilização em torno do tema, principalmente da geração Z, grupo que tem definido a nova era da influência e da comunicação criativa. Movimentos como a Greve pelo Clima, liderados por jovens, ocorrem em vários países. Porém, para a Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura), há um longo caminho a se percorrer quando falamos de educação climática.
Estudo divulgado no fim de 2022, realizado com 18 mil estudantes de 166 países com idades entre 11 e 19 anos, apontou que os jovens estão preocupados com a qualidade do ensino sobre clima nas escolas e não se sentem preparados para enfrentar a mudança climática com base no que aprenderam. Eles alegam que o conteúdo é oferecido de forma genérica e não conectado a soluções específicas.
Segundo a pesquisa, 70% dos entrevistados não sabiam explicar o que causava a mudança climática ou seus princípios básicos. Porém, quase a totalidade dos entrevistados (91%) apontou que gostaria de entender e agir mais em relação à temática, o que ajudaria a reconsiderar seu papel na natureza.
Tornar a nova geração mais resiliente à crise climática é vital diante das previsões dos cientistas em relação ao futuro do planeta. Com uma concentração de gases de efeito estufa maior desde 1750 e a temperatura da superfície da Terra 1,1ºC mais alta em comparação a 1850, é 95% certo de que enfrentaremos climas mais extremos nos próximos anos.
Vivemos uma emergência climática, com impactos na produção de alimentos, abastecimento de água, migrações humanas, manutenção da flora e da fauna e, por fim, na infraestrutura das grandes cidades. Nos tornamos uma sociedade que deixou de respeitar os limites da natureza, que se desconectou do ambiente que provém recursos que sustentam a vida.
Diante deste desafio, falar sobre emergência climática nas escolas pode fazer a diferença? A resposta é SIM. As escolas se tornam um espaço importante para geração de engajamento dos estudantes em suas comunidades na busca por soluções para a crise climática.
Com o suporte de professoras e professores, é essencial construir um ensino que humanize este tema global e que contribua na busca de um desenvolvimento sustentável, que equilibre o crescimento econômico das cidades onde vivemos, que conserve biomas florestais, bem como os animais que lá vivem, e que combata a desigualdade social.
Ajudar o indivíduo a compreender seu papel como parte de uma solução coletiva abre caminhos para a criação de soluções democráticas e criativas. Por isso, se faz necessário e urgente um esforço compartilhado que olhe para a educação climática como um investimento conjunto para o futuro.