E agora o ensino é online, precisamos nos adequar ao momento para dar continuidade e garantir que o processo de ensino e de aprendizagem aconteça e chegue até as crianças da Educação Infantil principalmente aquelas da Rede Pública de Ensino. Este tem sido um grande desafio para nós educadores, pois para garantir a aprendizagem, é necessário acolher as crianças e orientar as famílias para que dentro dos seus limites, sejam, também, os mediadores do desenvolvimento delas. Por isso o maior desafio é manter o vínculo do professor e seus alunos.
A legislação Brasileira não permite a modalidade online para Educação Básica, mas, com a suspensão das aulas, foi-se necessário buscar soluções, como o ensino remoto, utilizando ferramentas como e-mail, WhatsApp, grupos de redes sociais e outros meios digitais para garantir a continuidade das aulas. Depois que a organização Mundial de Saúde (OMS) reconheceu a pandemia do Coronavírus, o Ministério da Educação (MEC) autorizou, em caráter excepcional, por meio da Portaria Nº 343 , de 17 de março de 2020, que as instituições de ensino optassem pela substituição das aulas presenciais por aulas em meios digitais e tecnológicos. Logo, esta prática passa a ser denominada de ensino remoto. Esta medida foi prevista por 30 dias, mas ainda poderia ser prorrogada. E foi o que realmente aconteceu. Trata se de um período de autorização e substituição que se estende até 31 de dezembro de 2020.
E, em meio a tantas mudanças que o mundo vem passando, o uso da tecnologia na educação já era uma necessidade. No entanto, especialidades médicas recomendam o uso restrito destes recursos para as crianças, devendo ser aliado para despertar a curiosidade, visando a melhoria na qualidade do seu aprendizado. A tecnologia na Educação Infantil deve ser utilizada como uma alternativa que venha complementar, colaborando no aprendizado, pois ela jamais substituirá as brincadeiras, interações e o contato físico que acontece na escola. E sabemos que é lá onde as crianças vivenciam momentos privilegiados de interação, socialização e aprendizagem na troca entre os pares.
Na primeira infância as brincadeiras, a imaginação e a ludicidade são partes imprescindíveis para os processos de desenvolvimento da criança como ser humano. Piaget (2002), nos conta que o conhecimento é construído por meio da interação entre o sujeito e objeto, ou seja, é na interação da criança com um objeto de conhecimento que acontece a aprendizagem. Ela constrói hipóteses de ação, observa a reação e, assim, constrói o seu conhecimento. Complementa Vygotsky (1991), em sua teoria sociointeracionista, que o desenvolvimento acontece permeado pelas interações entre os indivíduos e o ambiente, ou seja, as relações que o indivíduo experimenta são mediadas pelo mundo, no qual são atribuídos símbolos e significados.
De acordo com estes dois grandes teóricos da Educação, observando as contribuições que ambos trazem para o professor pensar suas práticas cotidianas, percebemos que é preciso cautela ao compartilhar propostas pedagógicas com as crianças de forma online. Neste momento, deve-se oportunizar temas que sejam fundamentais para o desenvolvimento da criança, explorando as ferramentas digitais com intencionalidade pedagógica. É momento para repensar, refazer e ressignificar a sua prática pedagógica. O seu replanejar será fundamental para construção desse novo cenário da Educação do Século XXI .
A cultura digital ocorre em todo o documento da BNCC, desde as competências e habilidades até os objetivos específicos para Educação Básica . Ela ainda nos convida a transformar e a melhorar para esta e para as gerações futuras, por meio da Educação como caminho e a tecnologia como estratégia.
Neste momento, onde as tecnologias estão em constante expansão, falamos com qualquer pessoa, amigos ou família, seja de perto ou até mesmo de longe. Podemos realizar diversos trabalhos, compras via internet e até mesmo compartilhar e expressar os nossos sentimentos. Estamos vivendo um novo mundo que nos apresenta diferentes formas de comunicação e aprendizado jamais vistas . O conhecimento vem de todos os lados e as crianças estão recebendo todas essas informações. Por isso, cabe ao professor, que é mediador desse conhecimento, ensinar a refletir e provocar o desenvolvimento do pensamento crítico, colocando em prática novas ideias e utilizando de sua criatividade para inserir em suas práticas as metodologias ativas.
Diante deste cenário, deixarei algumas dicas: Faça vídeos curtos, interativos, claros e objetivos. Proponha atividades com sugestões de elementos da natureza ou objetos do cotidiano que sejam fáceis de encontrar dentro de casa; proponha atividades que desenvolvem a psicomotricidade. Apresente vídeos musicais; realize atividades de leitura que envolva toda a família. Convide a criança, após a leitura, a desenhar sobre a história ou fazer um vídeo contando o que aprendeu. Apresente propostas de vivência e exploração, e convide a família a experienciar situações junto das crianças. Estamos reinventando a Educação e fazemos parte desta mudança. Professor vamos aproveitar esta oportunidade.
Referenciais teóricos
GARCIA, S. M. A Construção do Conhecimento Segundo Jean Piaget, 1998
VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente. 4 ed. São Paulo – SP: Livraria Martins, 1991. p.115.